Vamos começar do começo. Fui ao médico ginecologista pela primeira vez junto com minha mãe, aos 17 anos. Era virgem e depois de exames de rotina ele me disse que eu tinha ovários policísticos e que a maior reclamação de mulheres que tem essa síndrome é não conseguir engravidar. FIquei muito triste no dia, achei que não poderia ser mãe. E foi assim que fiquei grávida aos 18 anos.
Interessante é que depois de casada, quando quisemos ter o segundo filho, eu tive que fazer tratamento para engravidar... Agora, aos 43, sem planejar e com os mesmos ovários policísticos, olha a gravidez aí de novo!!!
Voltando aos 18 anos...Coisas que me lembro:
- Dei outro nome no laboratório para fazer o exame - Zenaide Mota hehe
- Rod que levou o potinho com minha urina no laboratório.
- Pegar o resultado positivo me fez sentir o sangue todo subindo na cabeça e só ouvia a palavra " ferrou-se" , para não dizer outra coisa...
- Combinamos fugir para Campinas, cidade de um amigo nosso, o plano era tocar em bares lá, como fazíamos em Ribeirão. ( coisa de quem não tem idéia do que vem pela frente! )
- Um dia senti uma cólica estranha e fomos ao médico, não aquele primeiro que disse que eu iria reclamar por não conseguir engravidar, mas um amigo da família, que fez meus dois partos e foi meu médico por muitos anos. Ele nos convenceu a não fugir e contar para os nossos pais. Eu já estava de quase 3 meses.
- Contamos e foi o caos! Alguns amigos sumiram, meu pai ficou muito bravo, os pais do Rod muito tristes, éramos do grupo de oração da Renovação Carismática e foi um escândalo! Estávamos em 1988. Era bem mais difícil naquela época. Ainda mais para jovens cristãos.
- Aos poucos, as coisas foram se acalmando. Fui fazer o primeiro ultrassom, que não era como os de hoje e a médica que fez não conseguiu ver o feto, apenas o saco gestacional. Disse que meu organismo devia ter absorvido o embrião. Pensei: " mas logo agora que a gente já contou pra todo mundo??" . Fiquei muito triste, mas não tinha nada de sangramento e estava com muito enjôo. Marcou-se outro ultrassom e aí sim conseguimos ver o baby.
- Depois de tudo isso, o casamento aconteceu em julho de 88, eu estava com 5 meses de gravidez já!
- Nossos pais ajudaram muito nesse começo, a gente almoçava na casa dos pais do Rod e jantava nos meus pais todos os dias, até o bebê nascer. Eu olhava para o quartinho do bebê e achava tudo lindo, tinha certeza que ia ser como brincar de boneca. Acho que Deus ficou com dó de mim e mandou um bebê muito bonzinho. Na primeira noite que saímos do hospital, Daniel dormiu da meia-noite às 6hs da manhã. Quase não chorava, resmungava quando acordava para mamar e só. Claro que tiveram noites de cólicas, noites sem dormir, mas foram poucas...com um mês e meio ele já dormia quase 12 hs seguidas à noite.
-Tive depressão pós parto, ou anemia, não sei... ou as duas coisas. Me lembro de sentir uma fraqueza grande e uma sensação de que não ia dar conta. Quando retornei ao médico para tirar os pontos, ele me receitou ferro e eu melhorei muito.
- Eu não gostava de amamentar, olha que coisa feia? Eu tinha muuuito leite e vivia em função dos peitos. Dava de mamar e depois tinha que tirar o restante para não empedrar. Na época não existiam as maquininhas modernas que tem hoje e era tudo manual, então demorava muito. Quando eu terminava de tirar, estava na hora de amamentar de novo. Se eu saía para tomar um suco, vazava. Eu andava com duas fraldas nos sutians para não vazar. Na gravidez do Fábio, achei um pouco mais fácil e espero que nessa eu possa curtir como a maioria das mães consegue!
- Me lembro bem também da tensão que é primeiro filho. Tudo é novo, tudo é surpresa, o bebê chora a gente fica desesperado, não temos idéia do que fazer em diversar situações. Acho que passamos muito dessa tensão para eles. No segundo filho, estamos muito mais seguros.
Uma amiga me disse que agora estou no melhor dos mundos, pois tenho a experiência e calma de ter tido outro filho e vou poder me dedicar inteiramente ao bebê, pois não tem o irmão mais velho exigindo atenção também. Amém! Vamos ver...
De qualquer maneira, o importante é não faltar amor, a gente sobrevive, os filhos sobrevivem. E com amor, tudo dá certo no final!
Ah! Filho é a melhor coisa do mundo!!
Fotos do casamento, dia 8 de julho de 1988. Chegando na maternidade, dia 22 de novembro, que é dia do músico e ficamos sabendo só depois que Daniel nasceu e depois do parto.